segunda-feira, 13 de julho de 2009

O que cabe à classe trabalhadora nas eleições?

Bom dia companheir@s de amor e luta... A muito não posto no blog, mas tava osso o final de período na faculdade... Agora de férias, gostaria de compartilhar uma reflexão de Ademar Bogo, que é da Coordenação Nacional do MST, sobre algumas questões relacionadas a nós, trabalhadoras/es... Boa leitura a tod@s!!!



QUANDO SURGIU a propriedade privada na sociedade primitiva, no mesmo instante originaram-se as classes sociais. Os proprietários, para garantirem a ordem, foram obrigados a formar a estrutura de administração pública, conhecida como Estado, que se elevou com funcionários, exército e governantes, e, para se sustentarem, inventaram os impostos. A partir disso, surgiu a política como prática de disputas entre as forças que apresentavam e defendiam interesses diferentes.

Em nosso tempo, cada disputa, por mais simples que seja, pode ter vários interesses em jogo. Por esta razão é que se torna necessária a combinação das táticas ou das ações que ampliem as alianças e o alcance dos combates contra a força inimiga.

Para planejar as operações táticas, cada força deve caracterizar o seu opositor e decidir se pretende eliminá-lo ou apenas tirar-lhes alguns meios que lhes garante o poder.

Quando os processos de disputas se prolongam e se fecham no uso de apenas algumas poucas ações, tendem a perder a eficácia. As ações deixam de ser compreendidas como táticas e se convertem em meras fórmulas burocráticas.

A diferença entre táticas e fórmulas é que as primeiras se combinam entre si na busca da derrota definitiva ou eliminação do inimigo; as outras funcionam como receitas para serem usadas do mesmo jeito em todos os momentos. Exemplos de fórmulas: para enfrentar o latifúndio, a ocupação; para enfrentar o Estado e o capital, as eleições. Dessa maneira, com o decorrer do tempo, os inimigos vão colocando obstáculos que, por si só, aquelas fórmulas não conseguem romper. Sendo assim, vai se esgotando o potencial da força, seja pelo seu enfraquecimento ou por sua domesticação.

Nos últimos tempos, o MST tem utilizado intensamente as duas modalidades de ações: ocupações e eleições, para supostamente alcançar o objetivo maior que é a Reforma Agrária, como se uma estivesse umbilicalmente ligada à outra. Mas já faz algum tempo que ocupar latifúndios não ataca mais diretamente o capital, e as disputas eleitorais não ameaçam a propriedade nem o Estado.
A mudança de momento histórico e a maneira como são feitas as disputas transformaram as táticas em simples fórmulas, absorvidas pela força contrária que, em certos casos, principalmente nas disputas eleitorais, nos coloca não só como força aliada, mas também como força auxiliar da classe burguesa, na implementação do projeto do capital.

O esgotamento da capacidade da força de combate contra a propriedade privada e o poder político acontece quando ela começa a se descaracterizar enquanto força de combate e passa a ser força de conciliação. A confusão de que, em certas questões, somos inimigos e em outras somos aliados leva a ignorar profundamente a natureza, a ideologia e os interesses da classe dominante.



Abraços a tod@s!!!

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